martes, 1 de diciembre de 2015

O 14 DE DECEMBRO, LEREMOS POEMAS DE CARLOS SAHAGUN, NA BIBLIOTECA DE FERROL

"Cosas inolvidables":
Pero ante todo piensa en esta patria,
en estos hijos que serán un día
nuestros: el niño labrador, el niño
estudiante, los niños ciegos. Dime
qué será de ellos cuando crezcan, cuando
sean altos como yo y desamparados.
Por mí, por nuestro amor de cada día
nunca olvides, te pido que no olvides.
Los dos nacimos con la guerra. Piensa
lo mal que estuvo aquella guerra para
los pobres. Nuestro amor pudo haber sido
bombardeado, pero no lo fue.
Nuestros padres pudieron haber muerto
y no murieron. ¡Alegría! Todo
se olvida. Es el amor. Pero no. Existen
cosas iniolvidables: esos ojos
tuyos, aquella guerra triste, el tiempo
en que vendrán los pájaros, los niños.
Sucederá en España, en esta mala
tierra que tanto amé, que tanto quiero
que ames tú hasta llegar a odiarla. Te amo,
quisiera no acordarme de la patria,
dejar a un lado todo aquello. Pero
no podemos insolidariamente
vivir sin más, amarnos, donde un día
murieron tantos justos, tantos pobres.
Aun a pesar de nuestro amor, recuerda.
"Cosas inolvidables"
Carlos Sahagún
http://elblogdeharendt.blog.lemonde.fr/2014/07/

martes, 17 de noviembre de 2015

Mia Couto escreve sua autobiografia, em registro poético

Mia Couto escreve sua autobiografia, em registro poético

Mia Couto, em “Vagas e lumes”.
mc 1234
Lisboa: Editorial Caminho, 2014.


por 

Autobiografia
Onde eu nasci
há mais terra que céu.
Tanto leito é uma bênção
para mortos e sonhadores.
E de tão pouco ser o céu
nasce o sol
em gretas nos nossos pés
e os corações se apertam
quando remoinhos de poeira
se elevam nos telhados.
As mães
espanam o teto
e poeiras de astros
cobrem o soalho.
De tão raso o firmamento,
a chuva tropeça nas copas
enquanto nuvens
se engravidam de rios.
Com tanta escassez de céu
não há encosto
nem para a mais minguante lua
e os meninos,
na ponta dos dedos,
ascendem estrelas.
Pois,
nessa terra
que é tanta para tão pouco céu,
calhou-me a mim ser ave.
Pequenas que são,
as minhas asas parecem-me enormes.
Envergando,
escondo-as dos olhares vizinhos.
Nas minhas costas
pesam
versos e plumas.
Voarei,
um dia,
sem saber
se é de terra ou de céu
a pegada do voo que sonhei.
Mia Couto, em “Vagas e lumes”.

domingo, 8 de noviembre de 2015

LENDO POEMAS DE MIA COUTO NA BIBLIOTECA CENTRAL DE FERROL

O LUNS, 16 DE NOVEMBRO, CON SEUS POEMAS NAS MANS.


Diz o Meu Nome


Diz o meu nome 
pronuncia-o 
como se as sílabas te queimassem 
                                  [os lábios 
sopra-o com a suavidade 
de uma confidência 
para que o escuro apeteça 
para que se desatem os teus cabelos 
para que aconteça 

Porque eu cresço para ti 
sou eu dentro de ti 
que bebe a última gota 
e te conduzo a um lugar 
sem tempo nem contorno 

Porque apenas para os teus olhos 
sou gesto e cor 
e dentro de ti 
me recolho ferido 
exausto dos combates 
em que a mim próprio me venci 

Porque a minha mão infatigável 
procura o interior e o avesso 
da aparência 
porque o tempo em que vivo 
morre de ser ontem 
e é urgente inventar 
outra maneira de navegar 
outro rumo outro pulsar 
para dar esperança aos portos 
que aguardam pensativos 

No húmido centro da noite 
diz o meu nome 
como se eu te fosse estranho 
como se fosse intruso 
para que eu mesmo me desconheça 
e me sobressalte 
quando suavemente 
pronunciares o meu nome 

Mia Couto, in 'Raiz de Orvalho' 


MIA COUTO, UN POETA DO MUNDO (O día 16, luns, do mes de Novembro, 2015)

Não Sabemos Ler o Mundo
Falamos em ler e pensamos apenas nos livros, nos textos escritos. O senso comum diz que lemos apenas palavras. Mas a ideia de leitura aplica-se a um vasto universo. Nós lemos emoções nos rostos, lemos os sinais climáticos nas nuvens, lemos o chão, lemos o Mundo, lemos a Vida. Tudo pode ser página. Depende apenas da intenção de descoberta do nosso olhar. Queixamo-nos de que as pessoas não lêem livros. Mas o deficit de leitura é muito mais geral. Não sabemos ler o mundo, não lemos os outros.
Vale a pena ler livros ou ler a Vida quando o acto de ler nos converte num sujeito de uma narrativa, isto é, quando nos tornamos personagens. Mais do que saber ler, será que sabemos, ainda hoje, contar histórias? Ou sabemos simplesmente escutar histórias onde nos parece reinar apenas silêncio?
Mia Couto, in 'E Se Obama Fosse Africano?'
MIA COUTO

viernes, 9 de octubre de 2015

Las manos y los frutos, de EUGENIO DE ANDRADE

Las manos y los frutos | Inventario





LAS MANOS Y LOS FRUTOS



1
Só as tuas mãos trazem os frutos.

Só elas despem a mágoa

destes olhos, choupos meus,

carregados de sombra e rasos de agua.

Só elas são

estrelas penduradas no meus dedos.

–Ó mãos da minha alma,

flores abertas aos meus segredos!

1
Sólo tus manos traen los frutos.

Sólo ellas arrancan la pena

a estos ojos, chopos míos,

cargados de sombra y rasos de agua.

Sólo ellas son

estrellas pendidas a mis dedos
.
–¡Oh manos de mi alma,

flores abiertas a mis secretos!

2
Cantas. E fica a vida suspensa.

É como se un rio cantasse:

em redor é tudo teu;

mas quando cessa o teu canto

o silêncio é todo meu.

2
Cantas. Y queda la vida en suspenso.

Es como si un río cantase:

en derredor es todo tuyo;

mas cuando cesa tu canto

el silencio es todo mío.

3

Quando en silêncio passas entre as folhas,

uma ave renace da sua morte

e afitas as asas de repente;

tremen maduras todas as espigas

como se o propio dia as inclinasse,

e gravemente, comedidas,

param as fontes a beber-te a face.

3

Cuando en silencio pasas entre las hojas,

un ave renace de su muerte

y agita las alas de repente;

tiemblan maduras todas las espigas

como si el mismo día las inclinara,

y gravemente, comedidas,

Se detienen las fuentes a beber tu cara.

4

Somos como árvores

só quando o desejo é morto.

Só então nos lembramos

que dezembro traz em si a primavera.

Só então, belos e despidos,

ficamos longamente à sua espera.

4
Somos como árboles

sólo cuando el deseo ha muerto.

Sólo entonces recordamos

que diciembre trae en sí la primavera.

Sólo entonces, bellos y desnudos,

quedamos largamente a su espera.

                                                                   Traducción de Lauren Mendinueta



Eugenio de Andrade fue el suudónimo del poeta portugués José Fontinhas, nacido en Póvoa de Atalaya, Beira Baixa, el 19 de enero de 1923. Eugenio se educó en Lisboa y después de prestar el servicio militar, trabajó como inspector del Servicio Médico-Social. A partir de 1940 se dedicó por completo a la poesía, alcanzando gran notoriedad con la publicación de sus obras. Algunos de sus libros más conocidos son: Las Manos y los Frutos (1948), Amantes Sin Dinero (1950), Materia Solar (1986) y La Sal de la Lengua (1999). También es reconocido como un gran traductor. Esta conciderado junto a Fernando Pessoa como una de las grandes voces de la poesía en portugués. Falleció el 13 de junio de 2005 a la edad de 82 años.

martes, 15 de septiembre de 2015

Círculo de Poesía | Cinco poemas breves de Eugénio de Andrade

Círculo de Poesía | Cinco poemas breves de Eugénio de Andrade



Círculo de Poesía | Cinco poemas breves de Eugénio de Andrade







Cinco poemas de El peso de la sombra (O peso da sombra)
de Eugénio de Andrade 

 Trabajo con la frágil y amarga
materia del aire
y sé una canción para engañar la muerte –
así errando voy camino de la mar.



Trabalho com a frágil e amarga
matéria do ar
e sei uma canção para enganar a morte –
assim errando vou a caminho do mar.


* * *



Como si aún fueran las hojas
cantan los pájaros
en el aire lavado de las tilas:
algunas
van cayendo en estas sílabas.



Como se fossem folhas ainda
os pássaros cantam
no ar lavado das tílias:
algumas cintilações
vão caíndo nestas sílabas.


* * *



Qué joven es la mano en el papel
o en la tierra.
Joven y paciente: cuando escribe
y cuando al sol
se transforma en caricia.



Que jovem é a mão sobre o papel
ou sobre a terra.
Jovem e paciente: quando escreve
e qundo ao sol
se transforma em carícia.


* * *



Hacer de una palabra un barco
es todo mi trabajo
o de flor del lino el espejo
donde la luz del rostro cae
excesiva.



Fazer de uma palavra um barco
é todo o meu trabalho
ou da flor do linho o espelho
onde a luz do rostro cai
excessiva.


* * *



Ahora las aves vuelven, en sus ramos
altos son la materia
más próxima a los ángeles
–¿intentaré tocarlos,
hacer de ellos el poema?



Agora as aves voltam, são nos ramos
altos a matéria
mais próxima dos anjos
–ousarei eu tocar-lhes,
fazer delas o poema?

lunes, 8 de junio de 2015

Os novos poemas de Manuel Rivas soaron na Biblioteca da praza de España

Os novos poemas de Manuel Rivas soaron na Biblioteca da praza de España - Ferrol - Diario de Ferrol



Karlotti e Rivas, na presentación de onte daniel alexandre

Karlotti e Rivas, na presentación de onte daniel alexandre
O escritor Manuel Rivas trouxo á Biblioteca Central da praza de España os seus “Poemas de 21 gramos na báscula de Ohio”, un regreso ao seu territorio poético que nunca abandoa e que nunca o abandoa. De feito comezou a súa intervención lembrando unha cita de Faulkner: “a poesía protexe a súa xente”.
Rivas veu a Ferrol convidado pola Semana da Poesía Salvaxe que organizan Guillermo Ferrández e Karlotti e, nunha ateigada e expectante sala, foi este último quen fixo unha semblanza dos temas poéticos próximos ao escritor, desde a natureza á memoria, desde o mundo rural e a súa perda á solidariedade.  
a terra que se esconde
“Un verso de Camões di: ‘Aínda hai moita terra que se esconde’, que me parece todo un manifesto literario”. Tras estas palabras Manuel Rivas comezou a a lembrar a cerna deste novo poemario, o primeiro desde “A desaparición da neve” en 2009 e que terá edición en papel este verán. Rivas adiantou que se compón de catro partes e que nelas ten unha grande importancia a natureza e a súa dor polo que lle está a acontecer ao planeta.
Tamén destacou o apartado que leva por título “Oracións fúnebres”, unha homenaxe a persoas ás que o poeta considera heroes e entre os que están Elisa e Marcela, dúas lesbianas que casaron na Coruña a comezos do seculo XX para logo fuxir a América, ou Ánxel Vila, o patrón do Xurelo, o barco co que o escritor coñeceu a fosa Atlántica. Rivas foi lendo os versos do futuro libro e comentando a súa xénese ao numeroso público co que compartiu o acto.

domingo, 7 de junio de 2015

“Para a vida das palabras é máis importante que exista unha Semana da Poesía Salvaxe que unha Academia” - Ferrol - Diario de Ferrol

“Para a vida das palabras é máis importante que exista unha Semana da Poesía Salvaxe que unha Academia” - Ferrol - Diario de Ferrol



“Para a vida das palabras é máis importante que exista unha Semana da Poesía Salvaxe que unha Academia”

 | Actualizado 07 Junio 2015 
Rivas presentará o libro “Poemas de 21 gramos na báscula de Ohio”      L.P.

Rivas presentará o libro “Poemas de 21 gramos na báscula de Ohio” L.P.





Baixo o título non tan misterioroso de “Poemas de 21 gramos na báscula de Ohio”, Manuel Rivas regresa ao combate poético tralos seis anos transcorridos desde a súa última achega, “A desaparición da neve”. Mañá estará recintándoos na Biblioteca Municipal da praza de España a partir das 19.30 horas. Faino dentro do taller poético que dirixe Karlotti, en certo sentido como premio de consolación por non poder ter estado (compromisos de última hora en San Jordi) na derradeira xornada da pasada Semana de Poesía Salvaxe, evento polo que sente unha indisimulada admiración. De poesía e actualidade social falamos.
 
Regresa a Ferrol e faino novamente coa súa última poesía.
Levaba seis anos sen editar pero non sen escribir. A poesía anda polos camiños e polas tabernas eu nunca deixei de atendela, é esa última bala que queda na recámara, esa carta na manga, a célula da literatura. Ando a rematar unha novela pero sempre necesito voltar á poesía, coronalo todo co loureiro da lírica. A Ferrol quixen voltar cando a semana da poesía salvaxe, pero un compromiso no San Jordi impediumo.
Mañá presentará o seu último traballo, “Poemas de 21 gramos na báscula de Ohio”. Adiántenos algo deste novo libro.
O libro en si sairá en Xerais en verán, mañá o que farei será adiantar os seus poemas. O traballo ten un título exótico e irónico porque din que a alma foi pesada nunha báscula de Ohio e tiña 21 gramos. Eu recordo cando era neno nas tendas de barrio e aldea había unhas básculas que poñían Toledo-Ohio. A min, que non coñecía Ohio, aquilo recordábame ao cruceiro de Hío. Eran uns aparatos que pesaban cousas esenciais para a xente: o pan, o azucre, etc. e vexoo como un símbolo do esencial que é a poesía na vida.
Que temas e formas lle interesan nestre regreso?
Ademais do dito, formalmente ten un fio coindutor a base de haikais, precedente dos haikus xaponeses. Con eles falo da natureza insurxente, un paisaxe que é unha psicoxeografía. Unha natureza na que apenas está presente a voz humana, non hai unha posición dominante das persoas. É a natureza quen fala, como un murmurio e faino con ese falso silencio, esa presenza que está aí. E faino para contar o seu drama. Por último, a parte final é “Oracións fúnebres”, poemas adicados a xentes que para min son heroes anónimos e que representan loitas esenciais. Aí están Elisa e Marcela, dúas mulleres que casaron na Coruña a comezos do século XX; Ánxel Vila, o patrón do Xurelo, o barco que nos levou á fosa Atlántica onde deixaban os residuos das centrais nucleares europeas; ou o crego Manuel Espiña, ao que poño en diálogo cun Deus moi humano, pequeno, coxo e con fame... Dalgún xeito é unha continuación do meu anterior libro “Mohicania” co que pecho un círculo ou máis ben fago unha especie de espiral.
En principio vén a Ferrol agora porque non puido facelo en abril á Semana da Poesía Salvaxe. Que opina desta iniciativa e dos atrancos institucionais aos seu funcionamento?
Iniciativas como a Semana da Poesía Salvaxe son as que manteñen o ecosistema literario. Son a primeira natureza da literatura e a que derrota a esas voces parvas que din que a literatura, e xa non digamos a galega, e en xeral a cultura, existen por estares subvencionada. Este e outros véxoos como espazos de resistencia e re-existencia, lugares de liberdade. Hai un termo mariñeiro axeitado, o almeiro, os lugares onde se xunta a vida, a cardume, a vida. O almeiro ademais remite a alma. Por contra está a “marca do medo”, un lugar sen peixes, esquilmado... A semana de Poesía Salvaxe e outras iniciativas así son un almeiro. Se non existisen o demais sería un gran museo de fósiles. Sendo académico, e aínda que en modo algún é contraditorio e operan en diferentes dimensións, para a vida das palabras é máis importante que existan iniciativas do tipo da Semana da Poesía Salvaxe que exista unha Academia. Estou a falar dunha iniciativa “excéntrica”, fóra do centro do poder, da palabra oficial, do discurso, da base da literatura. Estou a falar de cando hai un incendio o primeiro en agromar son esas plantas silvestres que brotan a partir do polen ou da semente que transportan os paxaros. Necesitamos iso.
Vostede implicouse activamente na Marea Atlántica que vai gobernar na Coruña. Como analiza o sucedido en xeral nas eleccións do pasado día 24?
Joseph Roth, un escritor da Galitzia austrohúngara (hoxe entre Polonia e Ucraína) falaba de “países en lento afundimento”, aqueles nos que se vive unha sensación de declive no ambiente. Aquí produciuse algo como a herba que brota nos tellados, apareceu ese outro país que é un almeiro creativo, que ama a súa identidade, a festa e a liberdade que agromou milagrosamente. No fondo hai unha sensación de que todo o mundo está contento, mesmo os que perderon. Ata a Xunta, acostumada a gobernar desfacendo, que semella que só ten éxito cando a critican porque así se demostra que existe, do contrario ninguén se enteraría do desaparecida que está. Parece que nos pobos hai unha intelixencia poética que impide o seu afundimento. Ante a insuficiencia repiratoria e a falta de osíxeno hai depósitos de esperanza que levedan como o pan, como o berro de vitalidade dun pobo. A min paréceme moi interesante porque ademais significa a reivindicación da xente nova que tan azoutada está a ser pola situación actual.

jueves, 4 de junio de 2015

Manuel Rivas, Poemas de 21 gramos na báscula de Ohio




O desertor da néboa

Triste velocidade
Que non esconde o seu pasado,
Terra que aluca
Nas fiestras do tren
Á procura do desertor da néboa. 

Manuel Rivas 
(de Poemas de 21 gramos na báscula de Ohio

O LUNS, OITO DE XUÑO, AS SETE E MEDIA DA TARDE, NA BIBLIOTECA CENTRAL DE FERROL
TODOS E TODAS ESTADES INVITADAS, ASISTIDE, E TANTAS GARZAS, PERDÓN, GRAZAS.